Em prol da mulher

É assim, desde o princípio:

O homem que tudo agride,

Tudo faz por sacrifício

Para sustentação da raça.

A mulher vem, sem revide,

Aprimora o seu serviço

Com satisfação e graça.

Para garantir um novo almoço,

O homem pega um osso

E o transforma em arma

E vai atrás da grande caça.

A mulher modifica a pauta;

Com o osso faz a flauta

E espalha melodia pela casa.

O homem cruelmente faz guerra,

A vida do inocente encerra

Em tantas lutas inglórias;

Enquanto geme a alma imortal.

Trazendo à luz novas vidas,

A mulher promove a vitória

Do bem sobre o mal.

O homem espanca a mulher submissa

Que, ao passar roupa, queimou a camisa.

O homem espanca a mulher indefesa

Que colocou o jantar em sua mesa,

Por achar que a comida estava fria;

Entretanto, a mulher não o denuncia.

Por amor ou por medo? Outro enredo…

Sem acreditar em infortúnio,

A mulher prolonga o seu turno

E no trabalho revela-se polivalente.

No tear mecânico ou artesanal,

Tece o fio orgânico e vital

Para a vida que se faz presente.

Em verso ou reverso? Em progresso…

Assim, partindo dessas premissas,

A mulher não quer choro, nem missa.

Sabe que o seu tesouro vem de cima;

Espera o tempo vindouro, com calma.

Tendo o amor como ferramenta

E a vida como matéria prima:

A mulher é tecelã de almas.