Folhas de outono
Folhas de outono caem no quintal ......
A tarde, com sua coloração pungente, lança sombras por sob o sobrado
Nos campos, as sombras sempre chegam mais cedo.
Ali dentro vive uma velha senhora
A esperar em sua latente senhoridade
O seu filho que pela porta um dia saiu..
E dela não mais retornou.
Seu coração, pungente de tristeza a faz esperar..
Dias, semanas, anos...por algo que em algum dia se dará.
Ele voltará?
Oh triste sina!
Aguardar em sua varanda.
Por alguém que um dia talvez venha, talvez não.
Sua juventude se foi, ao ver seu rebento sair,
Mas em suas tardes de lembrança
A sua mente retornava..
O sobrado envelhecia,
paredes iam caindo..
Cercas se quebrando ,
Pinturas de um tempo que foi bom
Mas ali ela permanecia...
Quem por lá passava, comentava da velha senhora ,
De seus longos serões à espera do filho que a guerra havia levado.
A noticia à ela nunca chegara.
E a constante espera aos poucos levava,
Sua saúde precária.
Sua memória, era como as folhas de outono
A caírem em seu quintal,
Enchiam-a de lembrança , e em seguida eram levadas por sua mente.
A senhora ali permanecia.
Vendo cada estação perpassando por sua tela de retina..
Passavam, verões, outonos, invernos e primaveras.
Até que um dia, em um lindo entardecer
O seu filho enfim retornara.
Com sorriso largo, vinha buscar sua mãezinha
Que como a chama de uma pequena vela, terminara por se apagar.
Quem ali ainda passava, jura,
Que a cadeira onde ela está, ainda vela
Cada estação que chega e cada uma que se vai. ..
Talvez a vida seja assim, como uma folha de outono
Que brota, fecunda, nasce e desce reinante ao final de mais um entardecer.
Assim somos nós, nascemos, vivemos, e aos poucos
Na senhoridade nos apagamos, em meio às lembranças daquilo que vivenciamos...
Ah! Como a vida é breve.