Sísifo Mais Uma Desce a Montanha

Dia encerrado, Sísifo está de pé

Refletindo sobre a aniquilação de

Seu esforço físico e bom humor:

O sangue trucidado no trabalho,

Os neurônios atormentados

Com as contas bancárias,

Trânsito ensurdercedor,

Desmandos de poderes que afetam

O atendimento das necessidades,

Desejos apequenados

Nos inconvenientes da saúde,

O corpo dá sinais de fraqueza.

Sem tempo para familiares,

As ficções das conversas alheias

Foram à contragosto suportadas,

Os estranhos ao redor sufocam o viver,

As vísceras, amolecidas nos papéis sociais.

Assinar o atestado para a aceitação

De todos os problemas?

Mesmo no universo sem dono,

Preenchido de absurdos,

Rochas rolando para baixo,

As costas cansadas dos fardos,

No alto da montanha, entre névoas mil,

Sísifo persiste, acredita que a luta é suficiente

Para fazer do amanhã um dia melhor.

Agora no pé do penhasco dialogando

Com a caveira (a morte) e adiando sua sentença,

Observando os cadáveres jogados no chão,

O lutador grego mexe os dados e ajeita

O rochedo em seu corpo para enfrentar o hoje:

Banha, se veste, pega transporte, trabalha e vai

Enfrentar mais um dia. Sísifo se imagina feliz?

Ele luta pelas coisas que possui

E não lamenta o que perdeu,

Abraça as condições impostas

Na existência e vive da melhor forma.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 12/08/2023
Reeditado em 12/08/2023
Código do texto: T7859819
Classificação de conteúdo: seguro