O sono de um poeta

Dormi taciturno num depósito de livros

Na madrugada sonhei que estava livre

Viajei num mundo de fantasia

Mergulhei nas ondas da poesia

O Machado de Assis me convidou para um dueto de contos

O Monsueto cantou minha última canção

A melancolia não quis se manifestar

E Noel Rosa compôs samba de raiz

Escrevi um poema contemporâneo

Versos livres sem classe, sem métricas, sem pistas

Ouvi aplausos da arquibancada das estantes

Uma torcida organizada de escritores romancistas

E quando acordei, senti o cheiro de papel

Um gosto de baunilha do céu de minha boca

E sobre a página aberta de Carpeaux

Lembrei-me apenas da minha dor

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 24/08/2023
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