ARAME FARPADO

 

Uma alma presa em vil armadilha,

As saias das vestes em frangalhos.

O vento fustigando a gaze,

A lama maculando a brancura.

-Haja resiliência para atravessar

Esse campo lamacento de loucura!

 

Um sol púrpura fustiga

Uma paisagem nua e obscura.

Pousado numa árvore há muito ressecada,

A ave de rapina aguarda o último suspiro,

Bico e patas afiadas.

 

A paisagem desértica, vazia de vida,

Quer, a todo custo, possuir a alma.

Porém, ela se ergue,

Recolhe as saias sujas e rasgadas,

E parte resoluta em uma nova jornada.

 

-Não será dessa vez, ave desgraçada!

Que a tua fome te consuma!

Que teu esqueleto permaneça, qual um estandarte,

Para sempre nesse deserto

A morrer de fome, à beira dessa estrada!

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 06/09/2023
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