Eu era

Eu era aquele que viajava o mundo,

estava em todos os lugares,

ria, comia, conversava e beijava.

Eu me envolvia nas conversas,

adorava uma prosa,

e na minha mala, além das memórias, existia presença.

Buscava sempre uma aventura,

gostava de correr risco e me jogar,

com marcas das experiências nos pés e no corpo.

Era aquele que não sabia andar, porque sempre voava,

cantarolava em meio a rodas de trovadores,

corria e rolava no jardim debaixo de um temporal,

subia em árvores, tropeçava e ria de mim mesmo.

Nos vestígios que deixava, podia-se ouvir os risos e as incertezas,

disputava corrida e deixava o outro ganhar,

bebia água e aproveitava para se molhar.

Mas agora, ainda sou aquele,

que vê através de uma janela essas lembranças,

que se deparou com o inesperado que o trancou em uma redoma.

Revivo as experiências e malandragens,

atrás de uma parede com apenas uma abertura,

assistindo o mundo rodar sem pessoas.

Agora sou aquele que ficou apenas com o desejo de voar,

contentando-me em casa ficar.

Dré Lima
Enviado por Dré Lima em 02/11/2023
Reeditado em 02/11/2023
Código do texto: T7923148
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