De vida, eu entendo

Embaixo, o chão úmido que a última chuva deixou

E os meus pés caminham onde os olhos desviam

Há uma vida

ali

minúscula

Tão vida quanto eu

Outras hierarquias

Sem taxonomias

Há formigas, na mesma luta, mesmo sem deus

Há igualdade, essência

Filosofia crua

São existências tão absolutas quanto eu

E eu olho com cuidado

Porque de vida eu entendo

Mesmo as comendo no prato

Eu me arrependo

Porque eu sempre penso

Porque em mim não doeu

Eu tentei e não consegui

Voltei ao vício da carne

Mas não irei desistir

Em respeito à vida

As cercas ao lado das nuvens

E não são assim os sonhos impossíveis??

Mas eu sou apenas um pobre ateu

O meu poder nem protege o meu corpo

E eu lamento pelo gado, meu cachorro poderia ser

Mas de vida eu entendo

Em pensamento

Os meus sentimentos eu tento conter

Ser menos já sabendo que somos tão pouco

E viver