Êxtase

Ando pelas mesmas velhas ruas

Aprecio as surdas melodias

Olho para o alto

Pessoas em suas sacadas

Baixo o olhar

Miro os limites das pequenitudes

Esbarro num desconhecido

Que sorri afetuoso

Ganho um bom dia

E um sorriso

De um senhor amável

Respiro os cheiros

Do centro da cidade

Em sua rotina de formigueiro

Zonza no burburinho cantante

Passeio como um cão

Livre da coleira

Sem dono

Sem pressa

Farejo os passantes

Tão ocupados

Tão apressados

Tão sozinhos de si

Guardo nas retinas

O belo azul

Da abóboda celeste

Guardo nas narinas

Os perfumes da primavera

Em flores viçosas

Preguiçosas no seu tempo

Também serenas

Plenas, tenras

Efêmeras e eternas

Porque sabem seu lugar

Estão onde devem estar

E o tempo é relativo

Meu relógio parado

Meu peito exaltado

E sou agora um ser extraviado extasiado.

Madame Butterfly
Enviado por Madame Butterfly em 12/11/2023
Código do texto: T7930039
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