Ato I

 

Eu vi o mar, mar, eu vi...

 

Num mergulho forçado fui caindo lentamente e me vi mordida por um peixe majestoso, senti meus ossos do corpo em mil pedaços.

 

Ele nadava intensamente para o fundo comigo em sua bocarra, tudo estava ficando mais escuro e frio, morri?

 

Abandonada no fundo do mar quase sem oxigênio aguentei mais do que eu suportaria, ferida, confusa e silenciada. Me anulei!

 

Pequenos peixes brancos tentaram me salvar, eu já não queria ser salva, então me rendi. Julgo-me, mas estava acima do meu limite.

 

Uma enorme baleia nos ajudou e fomos subindo, eu quase podia ver o movimento da terra naquele instante, então eu tentei nadar.

 

Um fio de esperança tocou meu ser e eu passei a acreditar no impossível. Era hora de superar essa barreira por mim.

 

Mas... A verdade é eu não sei o por quê, qual a cor que tu tens? Não sei de nada! Quem tu és?

 

Ato II

 

Já em terra firme meu mundo girava e quase não conseguia abrir meus olhos. Aparelhos de monitoramento, oxigênio, pessoas ao meu redor, inércia.

 

Havia uma neutralidade de todos e meu desespero foi aumentando. A cama fria daquele lugar combinava com a frieza...

 

Neste momento comecei a ter mais consciência e notei meus pensamentos fugindo era uma sensação de neurônios devorados.

 

Destruída e morta para o meu mundo!

 

Meses de deterioração do corpo e já reduzida a um ser desconhecido. Enfim um remédio. Seria essa a resposta das minhas perguntas?

 

Logo os ferimentos foram cicatrizando e já não havia tanta dor em meu corpo, só a angústia de viver uma nova vida, então chorei.

 

Eu não sabia como, mas já estava morta, havia um outro EU dentro de mim e de alguma maneira se alimentava de tudo que eu construí a vida inteira, meu ser.

 

Numa queda sem fim tudo que me veio as ideias foi —você sabe que eu daria minha última gota de sangue por ti?— Desde então estou blefando com esse novo eu diariamente.

Bianka Luz
Enviado por Bianka Luz em 28/12/2023
Código do texto: T7964044
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