Encanta-te

Encanta-te todos os dias

Pois que tens muito para encantar-te.

O hálito fresco da brisa

Que move discretamente a palma

Te seja à vista o primeiro motivo do dia.

Encanta-te pela melodia ornada

De silvos trinados dos passarinhos,

E pela sombra que esfria a terra

Pela copa magnífica das árvores.

Encanta-te pelo simples olhar

Do cão amigo que vem buscar teu afago.

E desde o malva da aurora,

Ao lusco-fusco que recebe a noite,

Vê a grandeza tão requintada

Que não merece menos

Que a tua contemplação.

Encanta-te pelas pessoas

Que por desiguais, te fascinem,

Incondicionalmente. Respeitosamente.

Sê tu o coração que espera,

O abraço que regenera,

E a mão que salva.

Pois que no agreste tempo,

Tão inflamada terra

Onde o que encanta os olhos

Está no vazio do intocável,

Encanta-te pelo simples,

E verás no mundo

A regeneração de tudo.