Reflexão

Terra amiga em cujo seio

A semente imergida

Morre e doa-se à vida

Em resposta a todo anseio.

Que a fecunda lhe engravida

Para a explícita missão

Quando frutos desse grão

Façam o sangue para a lida.

Salve ó nobre camponesa!

Nos rincões Brasil afora

Que ao sol exsuda cora

Garantindo o pão à mesa.

Eu pergunto com despeito

Ao peão em terra alheia

Como a fé não lhe escasseia

No recesso do seu peito...

Vendo a sua consorte

Esperando mais um Ser

Que mal têm o que comer

Duvidando que haja morte.

Água ainda uma raridade

Livros roupa carne leite

Hortelã a alface o azeite

Contrastando com cidade...

Em que os deuses no bozó

Comem mais do que o patrício

E o urubu por desperdício

Lixo urbano é um luxo só!

Que memória esquecida...

Desse status chic urbano

Se a tudo vai comprando

Libra não resgata a vida...

Seraphim
Enviado por Seraphim em 20/03/2024
Código do texto: T8024083
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