Não choro pitangas (ode a Cartola)

Nossa infância teve cheiro de jabuticabas,

de trepar em árvore e cair, de tente outra vez

Minhas mãos ainda são cobertas pelas pitangas,

as suas, eu já não sei

Foi-se o quintal, o terreiro, a mata, o Katendê...

a folia de reis, e a nossa nudez

Sobrou-nos um sabor

não-acre

não-amazônico

não-humano

não-sei-o-quê...

(o cinismo e a falta de porquês)

Esqueceste mesmo de como é pisar no barro compartilhado; da chuva, e de nós três

De banhar-se no açude e cumprimentar o seu Zé...

seu ufanismo torto, agora não passa de um grande revés

Mas "o mundo é um moinho", meu brother, e quando notares estarás a beira do abismo

que cavaste com os teus próprios pés

Jorge Basilio
Enviado por Jorge Basilio em 05/04/2024
Código do texto: T8035435
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