Não choro pitangas (ode a Cartola)
Nossa infância teve cheiro de jabuticabas,
de trepar em árvore e cair, de tente outra vez
Minhas mãos ainda são cobertas pelas pitangas,
as suas, eu já não sei
Foi-se o quintal, o terreiro, a mata, o Katendê...
a folia de reis, e a nossa nudez
Sobrou-nos um sabor
não-acre
não-amazônico
não-humano
não-sei-o-quê...
(o cinismo e a falta de porquês)
Esqueceste mesmo de como é pisar no barro compartilhado; da chuva, e de nós três
De banhar-se no açude e cumprimentar o seu Zé...
seu ufanismo torto, agora não passa de um grande revés
Mas "o mundo é um moinho", meu brother, e quando notares estarás a beira do abismo
que cavaste com os teus próprios pés