O tempo e a têmpera

Eu, você e nosso adorável passado!

Esse lugar vazio, nesse vazio deleitoso,

nesse não mais existir calor,

nesse não mais ser o que foi...,

de certo uma têmpera persiste,

mas não mais é o que significou

quando tinha afeição e afeto!

Sem raiva, sem dor, sem contrição!,

embora esteja latente uma leve comoção.

A memória é um monstro.

Conjura com vontade própria,

e se quadruplica por mil vezes.

Você pensa ter posse das memórias,

mas as memórias se grudam

e são elas que tem domínio sobre você.

Este é o amago da questão!

Perdeu-se as estribeiras

e estamos a fabricar memórias!