Vendo, vivendo e escrevendo.
Castiga-me no peito a saudade
Aquela de casa
Que faz chorar em qualquer lugar
No balanço bruto do ônibus lotado
O cansaço do final do dia
As caras infelizes das pessoas ignorantes
Fazem-me vomitar
A ânsia que vem na garganta
Rápido como o fim do dia
As horas voam mais rapidamente
Que os pássaros que quase não vejo no céu
O cheiro da gasolina queimada
É mesmo do bom humor queimado pelo cansaço
A quentura urbana fez meus olhos transpirar
Sol não tem pena e nem a sociedade de você
Eu no olhar distante fico a pensar
Quando vai melhorar?
Falta bom dia, por favor, licença e obrigado
Amor nos mesquinhos mal amados
Falta liberdade de sair sem medo voltar.
Para casa ou qualquer lugar
A violência te faz se isolar
Não deixa sair na esquina do bar
As paredes de cimento não deixar o ar puro passar
Somos prisioneiros do nosso próprio lar
São as grades, muros, cercas, portões
Tem grades até em nossos corações
Nesse mundo de ilusões
Onde há uma lama que te espera
Há pedras para serem jogadas contra ti
As mesmas que fizeram a calçada suja por onde andas
Que não deixa as plantas crescerem
O stress que não deixa o amor florescer
A minha poesia já não rima como antes
E vamos vivendo
Uns reclamando, outros amando
E eu escrevendo, vivendo e vendo tudo.