Vendo, vivendo e escrevendo.

Castiga-me no peito a saudade

Aquela de casa

Que faz chorar em qualquer lugar

No balanço bruto do ônibus lotado

O cansaço do final do dia

As caras infelizes das pessoas ignorantes

Fazem-me vomitar

A ânsia que vem na garganta

Rápido como o fim do dia

As horas voam mais rapidamente

Que os pássaros que quase não vejo no céu

O cheiro da gasolina queimada

É mesmo do bom humor queimado pelo cansaço

A quentura urbana fez meus olhos transpirar

Sol não tem pena e nem a sociedade de você

Eu no olhar distante fico a pensar

Quando vai melhorar?

Falta bom dia, por favor, licença e obrigado

Amor nos mesquinhos mal amados

Falta liberdade de sair sem medo voltar.

Para casa ou qualquer lugar

A violência te faz se isolar

Não deixa sair na esquina do bar

As paredes de cimento não deixar o ar puro passar

Somos prisioneiros do nosso próprio lar

São as grades, muros, cercas, portões

Tem grades até em nossos corações

Nesse mundo de ilusões

Onde há uma lama que te espera

Há pedras para serem jogadas contra ti

As mesmas que fizeram a calçada suja por onde andas

Que não deixa as plantas crescerem

O stress que não deixa o amor florescer

A minha poesia já não rima como antes

E vamos vivendo

Uns reclamando, outros amando

E eu escrevendo, vivendo e vendo tudo.

Alomorfia
Enviado por Alomorfia em 29/04/2016
Reeditado em 29/04/2016
Código do texto: T5619672
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