TIQUE-TAQUE...

Tique-taque, tique-taque,

É o bater do relógio de parede,

Único som que se faz ouvir,

Ao ritmo do meu coração,

Que bate de tristeza e emoção.

E que é o meu único sentir.

Tique-taque, tique-taque,

Prossegue o relógio sem parar,

Até as duas horas da manhã a tocar,

E eu desperto, sem dormir,

No sofá sentado a poesia produzir,

Com a companhia do silêncio da noite.

Noite profunda, com salpicos de luz

Espalhados pela cidade,

Gente adormecida, outra desperta,

Becos e ruas desertas,

Como ilhas rodeadas de água,

Num oceano de mágoas.

Mágoas profundas,

Emanadas por vulcões,

Que entraram em erupção,

Em noites quentes de verão,

Deixando almas a queimar,

Em lume branco a palpitar,

Tique-taque, tique-taque,

O relógio continua a bater

E eu deixei de escrever,

Receio de ter um ataque,

Sem ninguém para me valer,

Nesta noite solitária e de silêncio.

Ruy Serrano - 13.09.2016

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 13/09/2016
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