OLHOS

Olha o lixo prolixo

Olha bem se não é só tu que existes...

Olha se latas e corpos são iguais

Olha que ossos de arvores são nossos ancestrais

Que ficaram plasmados pra não serem levados por seres astrais

Olha não só de fora de teus olhos abissais...

Olha que teu umbigo é das tuas cicatrizes a mais divina

Porque te une a religião e a capela Sistina

Tua mãe maria e amarilinas, até libras esterlinas

Olha o plexo sem nexo como os pés cansados macerando a vinha

Olha o complexo teorema do sexo

Olha os olhos sem visão

Olhos de alugares tantos

Olhos de tantos lugares

Olha os contra da contradição

Olha o langor na fila da eutanásia

Olha o amargor dos diabéticos

Olha o sal saindo dos olhos do hipertenso

Olha o equilíbrio que jaz na escuridão do cemitério faminto

Olha o que os olhos não tocam

O que os olhos não veem

Olha o que os olhos veem e nada enxergam

Olha o oftalmologista dançando na escuridão de teu baile

Tentando tatear com olhos o que tua pupila faminta

Só o entrega em braile...

Senão com os dedos como incensos de absinto

Olha e verás que tudo é mistério

Olha a vida que passa enterrando teus medos

Sem nunca te levar a sério...

Mais, só olhes, porque um dia deixarás de ver

Que neste mundo o balão sobe e desce

Assim como teu ar já ficou para trás

E a nenhum comando mais teu corpo obedece...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 26/09/2016
Reeditado em 26/09/2016
Código do texto: T5772608
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