A VIDA PASSA AO LADO
Não vou deixar que a vida me vença,
Vou deixar que a vida passe por mim,
Enquanto durmo na relva dum jardim,
Os pássaros chilreiam seus trinados,
Nos bancos, abraçados namorados,
Saciam seus instintos de prazeres.
O varredor limpa o chão das folhas
Secas do outono que já vai a meio,
Enquanto as andorinhas migraram
E eu fiquei abandonado e muito só,
A construir contos e bonita poesia,
Das realidades desta minha vida.
Deixo a vida passar, tão indiferente,
Penso no que perdi e não agarrei,
Faltam-me forças e muita coragem,
Para interpretar a ilusória miragem,
Que me arrebata em falsas visões
No bater das horas nos carrilhões.
A VIDA ESFUMA-SE ATÉ SE APAGAR
COMO UMA VELA SEM SEU PAVIO,
QUE PERDEU O VIÇO DA CHAMA,
E DEIXOU DE EXISTIR SEM ALMA.
Ruy Serrano - 06.02.2017