Os ecos da incerteza

Não quero a felicidade comparada

Minha grama mais verde que a do outro

Nem a grama, nem a grana,

Nada além do que me cabe.

Quero só poder regar as plantas,

Caminhar na praia,

E sorriso inabalável dos pequenos

refletindo o brilho do sol.

Quero agir só pelo coração

Sem temer os efeitos de pausar

Esse cruel computador cerebral,

eternamente rodando

o programa tomador de decisões.

Quero um mundo mais real,

Sem necessidade de me dopar com fotos

De pessoas e sanduíches perfeitos,

Quero a essência, o sentido, os defeitos.

Já não me basta a motivação

Soerguida de anseios impossíveis,

A palavra bonita e vazia,

Escrita num cartaz que a gente mesmo cola

Naquele poste que sempre está lá...

Lá onde não se alcança!

O universo conspira, vão dizer.

Não. Não mesmo.

É ficção humana tal conspiração.

O universo ecoa

Todas as dúvidas e incertezas.

O universo conecta

Tudo o que não parece ter conexão.

O universo, certamente, inspira,

Mas só a quem pode perceber.