TROCA
TROCA
Abri a mala
Dobrei peça por peça
De tudo aquilo que não me cabia
resolver
De tudo aquilo cuja resolução
não dependia de mim
As expectativas
eu deixei por baixo
Enroladas num saco plástico lacrado e angustiante
Junto a elas
o que não era do meu agrado
e tudo que era torturante
Foram camadas e mais camadas...
Mala pesada.
Para suportar o peso
Coloquei –a sobre quatro rodas
E já ia andando por aí,
quando lembrei:
Não tenho cadeado,
E se a mala abrir?
Não, não posso poluir...
Tratei de amarrá-la com cordões
Dourados de coragem e fé
Fortes como Jesus de Nazaré
E cá estou eu
Colocando só a roupa do dia
Na mala quase vazia!!!