NO CAMINHO DOS QUERO-QUEROS

Num impulso, olhei pela janela do carro e vi o orvalho.

A grama estava vestida de gotículas que a faziam brilhar.

Desejei que nunca mais passasse alguém por aquele caminho, lavrado a pés insensíveis que se apegam somente à pressa de chegar.

Orvalho pisoteado por fila de transeuntes desgruda e despenca.

Uma família de quero-quero vira-e-mexe aparece por ali; para comer, para brincar, para guardear.

Tocam dali as pessoas de pés insensíveis e apressados, gritando seu nome às avessas:

"Não quero-não quero!"

A esta hora, o orvalho já deve ter secado, as

pessoas já não estão passando apressadas, os

quero-queros não querem nada mais que o sossego do ninho escavado na grama.

Rinaldo Saracco
Enviado por Rinaldo Saracco em 05/02/2018
Código do texto: T6245783
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