me perguntaram uma vez como que eu vivo

fugi do exército
como que agora evito
olhar na cara
de um emprego
honesto.
meu pai sabe tão
bem quanto eu
que não pertenço
em um cubículo
enriquecendo
um qualquer.
minha mãe se perdeu
no final dos anos oitenta.
deseja morrer convicta em
minha estabilidade.

há uma loucura
não diagnosticada
na cabeça do homem
moderno
para se contentar
com o que dizem
as propagandas
e as más línguas.

eu? estou longe
de ser um gênio,
e ainda tenho
o cinismo
como qualquer
outro
vizinho
artista.
talvez a idade
me piore
e eu exploda
meus miolos.
espero que meu fígado
continue intacto
e que meus pulmões
tenham fôlego
para as lutas.

escrever também requer
preparo físico.
mental eu acho que
não.

Hemingway escrevia em pé
e Bukowski brigava com
pessoas nos fundos de um bar
qualquer.
Kerouac peregrinava por seu
país
e de literatura nacional
eu com certeza pagaria
uma cerveja ao Lima Barreto.

eu deveria estar sendo pago
pra enlouquecer. vender meu
sonho para as crianças do
ensino médio, transformá-lo
num hobby e me enganar
felicidade
com isso.

aqueles que gostam de filme
não te apoiarão ao cinema.
aqueles que gostam de gibis
não te apoiarão ao desenho.
aquele que gostam de música
não apoiarão sua banda.
e você se perguntará
no espaço entre as próprias
palavras
se eles estão certos.

mas não é culpa sua
se o sonho deles é uma
frustração tediosa procurando
a se libertar esporadicamente
em praias,
em festas,
em se conhecer tão
pouco
ao ponto de não ter
do que se arrepender.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 24/04/2018
Reeditado em 24/04/2018
Código do texto: T6317728
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