No porão das ideias: o fascismo

A primavera está morrendo,

ardendo entre as chamas do teu ódio,

entre ondas de ressentimento e medo,

o amor está se perdendo...

Nos teus olhos vejo desejo de glória,

na sujeição do teu irmão,

não estudastes mas tudo sabes,

quem estudou sofre na tua ignorância...

Serpenteou pelas sombras desde 88,

cresceu do nada para mais nada,

gritando aos ingratos do mundo,

para agora ver-se corado como um falso Cristo...

Tuas escolhas abatem sobre nós o fel da morte,

libertando os fantasmas da tortura,

fortalecendo as odes da irracionalidade,

costura nas fendas da democracia a próxima ditadura...

No porão das ideias fechou-te para a humanidade,

combate as artes e execra a solidariedade,

pinta na parede da cidade o cinza da tua alma,

beija um crucifixo enquanto exclui a diversidade...

São tempos de terrorismo aberto,

2019 será de armas e guerrilhas?

o que estamos fazendo a nós mesmos?

onde iremos parar além do cemitério?

Abra teus olhos agora,

afaste de nós este cálice de veneno,

não esperes 20 anos para pedir perdão,

tuas lágrimas de nada adiantarão no meu sepulcro...