PAULICEIA

Do apartamento

assistia sitiado

a antipanaceia destrambelhada

da Pauliceia Desvairada

escaramuçando e rugindo

lá em cima

lá em baixo

para todos os lados,

pela boca fumarenta fedorenta

das chaminés e dos canos de descarga,

pela boca nojenta gosmenta dos esgotos

que escarram e vomitam no Tietê,

pela boca de morte

das sereias angustiadas que gritavam,

pela boca fedida

da namorada que brigava,

pela boca ferida

do namorado que revidava,

pelos braços apressados

que bracejavam elétricos,

pelos passos ansiosos

que esperneavam frenéticos

no dinamismo maluco

da vida fremente premente

que me assustava e angustiava

fechado e fugitivo

no apartormento.