PROSEAMENTO

A janela está aberta

Aberta o tempo todo

Todo tempo que me resta

Resta saber se é muito ou pouco

Pouco como fio de respiro

Respiro de moço que suspira

Suspira pela moça de vestido

Vestido de renda e laço de fita

Fita que mede o comprimento

Comprimento do moleque vadio

Vadio vagueia na poeira

Poeira de estrada, poste e meio-fio

Meio-fio de cabelo branco

Branco feito leite no copo

Copo de pinga virado no tranco

Tranco que deita na mesa outro corpo

Corpo de quem já não quer mais viver

Viver pra quê se não tem alegria ?

Alegria de pobre é esperar pra morrer

Morrer é descansar das agruras da vida

Vida que senta na janela

Janela que está sempre aberta

Aberta o tempo todo

Pra quem se aventurar a libertar

O que há de mais belo

No coração de um sonhador.

Ricardo Árcoli

Ricardo Árcoli
Enviado por Ricardo Árcoli em 25/06/2019
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