PROSEAMENTO
A janela está aberta
Aberta o tempo todo
Todo tempo que me resta
Resta saber se é muito ou pouco
Pouco como fio de respiro
Respiro de moço que suspira
Suspira pela moça de vestido
Vestido de renda e laço de fita
Fita que mede o comprimento
Comprimento do moleque vadio
Vadio vagueia na poeira
Poeira de estrada, poste e meio-fio
Meio-fio de cabelo branco
Branco feito leite no copo
Copo de pinga virado no tranco
Tranco que deita na mesa outro corpo
Corpo de quem já não quer mais viver
Viver pra quê se não tem alegria ?
Alegria de pobre é esperar pra morrer
Morrer é descansar das agruras da vida
Vida que senta na janela
Janela que está sempre aberta
Aberta o tempo todo
Pra quem se aventurar a libertar
O que há de mais belo
No coração de um sonhador.
Ricardo Árcoli