algumas batalhas

Algumas batalhas não servem aos hinos que cantam

Os campos de guerra se espalham na cidade,

Becos urbanos desumanos.

Morrem mais de cem,

Um pouco a cada dia,

Fome depressão difteria

No hospital, à espera do nome,

Da maca, que leve a um lugar quente.

A lousa diz sobre as táticas de guerra

É matar ou morrer,

o inimigo está à espreita na esquina

Só o giz não ensina, como encarar o espelho.

Meus olhos ficaram negros,

Acostumaram- se as sombras e a frigidez da agulha

Fiapos de sangue não tem cheiro

Nem tampouco os pesadelos.

Plantei flores de plástico no parapeito da janela,

Talvez elas, sobrevivam ao inverno

Só um caule uma haste solitária

A resistência da terra, em mais um dia amanhecido.

Soldados de rostos desfigurados

desfilam perdidos, na estação central

Sem rumo, sem brasão, sem emprego,

Sem tostão,

Não sabem das respostas, da cegueira torta dos homens,

conhecem a maldade da guerra,

O vazio,

A indiferença do asfalto.

Lu Genez.

Lu Genez
Enviado por Lu Genez em 31/08/2019
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