Sociedade sobressaltada

Gilberto Carvalho Pereira

A cidade sempre atemorizada,

O medo da imutável escuridão

A mãe, de cansada vida atada

Chora pela filha na erma solidão.

Sob o feitiço pernicioso do vício

Vagueia pelas sombras da viela

Buscando sexo qual cadela no cio

Uma vida devassa de nula cautela.

Percurso de ida quase sem regresso

Embalde ela luta pelo que sobrou

De vans tentativas de progresso.

E da incerteza emerge o suplício

A mãe, em desespero, reza, vela!

No silêncio da madrugada vigia.

Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 28/04/2020
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