Vermelho

O vermelho que eu vejo

Não é o mesmo que você vê.

O meu vermelho é desejo

O seu, um ar blasé.

O meu, tintura labial borrada,

O seu, batom pra que o frio não queime.

O meu, de tapas nas nádegas,

O seu de virginal rubor.

O meu, de lingerie emoldurante,

O seu, de uma parede entediante.

O meu, de arranhado nas costas,

O seu, de fuxicos bem costurados.

De novo, o meu, de olhos injetados,

O seu de chorar com filme piegas.

O meu, de rosto constipado no gozo,

O seu, de tanto rir de bobagem.

Quando cruzaremos nossas cores de novo?

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 19/05/2020
Reeditado em 19/05/2020
Código do texto: T6951575
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