ATÉ QUANDO

ATÉ QUANDO

Tiroteio na favela, a bala entra pela janela e atinge o corpo dela.

Sangue pelo chão, gritaria, comoção,

tudo muito rápido, sem explicação, sem reação.

Os pais sem saber que atitude tomar,

olham para um lado, para o outro, ninguém pra ajudar,

tentam checar seu pulso, sentem sua respiração, batem no seu corpo, sacodem ela no chão, nada, tudo em vão.

Gritam, pedem socorro, se desesperam, mas os moradores do morro, vítimas como ela, não podem ajudar,

têm medo como a jovem moça de uma bala perdida tomar.

Não se sabe de onde a bala veio, de onde o tiro partiu;

da polícia, traficante, pistola, fuzil?

A única constatação é o corpo da jovem, inerte, sem vida

caído ao chão.

Os assassinos cruéis, impiedosos, sanguinolentos,

nem sabem que sua bala feriu de morte uma jovem naquele exato momento.

Aquele tiro tinha outro endereço, mas, infelizmente

dilacerou o peito de alguém que nada tem a ver com esse ódio, e sem merecer,

foi vítima da briga pelo poder.

Ela era tão jovem, ainda uma menina

sua sina, vida interrompida por uma bala perdida

que a sentenciou, como muitos da sua idade,

vítimas do terror na comunidade

ela era tão jovem.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 18/07/2020
Código do texto: T7009035
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