Tele jornal

Ontem foi pelo vídeo.
Aqueles olhos azuis e a notícia.
Na boca que pouco sorri,
na emoção que chega a mim.
Olha, pensei numa planície nunca vista,
colorida na silhueta que passeava,
galgando a brisa que soprava,
repetindo seu nome ligado ao meu.
Um tato sem sexo, sem o vapor da cobiça,
sem buscar a mulher, sim o mito.
Cheguei a admitir o possível.
Apenas vê-la, tocar em suas mãos,
parar nos olhos e deixar o tempo esquecido.
Cheguei, se cheguei,
como chego sempre na hora certa,
para o “boa noite” feito na cinza
que o vento sopra e leva.
Também chego perto, à beira do abismo,
esta lacuna que nos liga,
preenchida pelo vazio que me separa.
Saiba, você é ausência deliciosa
do silêncio meio espúrio,
pela ousadia de querer,
no infrutífero sonho
de sempre sonhar sem ter dormido.
Mas hei, um dia hei de ouvi-la
claramente pronunciar meu nome;
nem que eu tenha que ser notícia.
Então estarei no espaço,
jogado por sua boca
que pouco sorri, em um só riso
que embalará o eterno fascínio,
do lado de cá do seu mundo.