Café preto com açúcar - Chegando com o pé na porta de Vidro

Eu que nunca tive Nescau aprendi a segurar o toddy

Ela café preto, forte, sem açúcar

Não veio para ser segura

Pura era a cachaça que eu tomava antes de proferir cada palavra sobre ela

Ela, curando ressaca, tava farta dos vícios que eu romantizava

Catava todos os cacos que eu deixava pelo caminho

Eu Tipo vidro, frágil quebradiço, na sacola de plástico

Cortando mãos, braços quando era recolhido

Já tinha me feito lixo, reciclável

Me tornei algo admirável, artístico, difícil e sem compromisso comigo

Vendendo-me como sorriso, tantos maus tratos ao espírito que refletiam no físico

Ela corria o risco, de ser mais um riso arranco por um trocadilho bem construído,

Eu rindo de nervoso

Pois já tava no 5º esboço dos versos que fiz pra ela

Poeta né, legitimamente licenciada para não pedir licença

Pra falar sem escrúpulos e nem decência sobre vivências

Principalmente a própria,

Eu que sempre fui mais sórdida na linhas

Autodestrutiva, com Tendências suicidas a chamei de vida

Ela vivida demais, cheia de dívidas,

sem tempo pra embelezamento de erros feios em forma de palavras bonitas

Tipo abelha fazendo mel com saliva

certeza é que nunca quis que ela fosse minha

Ela já se tinha, também não me chamava de sua

A gente se vira, mas não dá pra dar conta sozinha

Cuidados são necessários

Cruel é que não consigo cuidar nem de cactos,

Já não sentia o cheiro das flores,

Ela era flora diversa, diversificadas palavras sem emitir um som

Eu na porra de um poema do Drummond

Formação de quadrilha, ( referência ao poema Quadrilha de Drummond )

Pegando todas as pedras do caminho e colocando na mochila ( referência ao poema “No meio do caminho” de Drummond )

Fazendo peso nas costas,experiências por acúmulo

E até ela concorda, que eu meio corcunda pelo mal jeito na coluna

Já não dava pra ser oriunda dessa mundo de gritaria e preferia me fazer escuta

Confusa de tanto desfazer os nós dos cachos, tentei refazer nós e não refiz os laços

Percebi que não sentia saudades de quem me abraçava

Sentia saudades dos abraços, e é preciso lutar mas nem tudo dá pra ganhar no braço

Não dá pra viver a dois com dois romances separados

Nada saudável, achar que sabe demais, arrogância não é sinal de inteligência quando tem-se negligência com os demais

E nunca fui fã de justificar meus meios com os finais

Incapaz de ter empatia pela vida vinda ao meio-dia quando o Sol estalava,

Porém necessitada, queimava a pele pra ganhar meios de gastar com rua e a madrugada, Era nessa que eu perdia a chave de casa

Não por ser do contra, mas por ser a favor de minhas vontades

Ela entendia da vida, já sabia que malandragem começa assim

Eu vivida, rodada para saber que ela não era estrada pra mim

Ela comigo só pelo gosto eu que tinha

Eu com ela só pelo gozo eu que tinha

Enfim, no fim nunca foi muito sobre ela e mais sobre mim

Não é atoa que egoísmo começa com ego que começa com “é” onde tem eu demais nos versos da poesia, e não que falar de mim seja egoísta

É que já não tinha espaço pra ela, a farinha e eu em minhas linhas.

Regiane Abelha
Enviado por Regiane Abelha em 20/11/2020
Código do texto: T7116199
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.