Virtudes

Meu coração está

No abstrato e no concreto

Da vida em ser sozinho,

Flutuar livre, leve e frouxo

Entre imaginários labirintos,

E os almoços em família

Recortados no entra-e-sai

Daquele escandaloso

Mas tão vivente vizinho

Navegando em meio

Às brumas dos oceanos

Que encharcam meu peito

Ou no céu cumprido

De intocáveis preocupações,

meios poemas e inteiros boletos

Está meu coração

Abraçado ao vento

Que se arrasta pelo infinito

Cansado e sonolento

Às vezes o vejo recolhido;

Deitado em meio à culpa,

Repousando a cabeça

No passado atravessado

Sem coragem

De se olhar no espelho

Por preguiça

Ou pelo sufocamento

De ser o coração

De um poeta em desespero

Noutras,

Sinto o cupinzeiro atrevido

Traçando planos de vingança

Na tentativa

(de guarida ou abrigo)

Destruir os sonhos

Desse meu coração

Mata Atlântica

Ele me lembra

Os óculos da minha amada

Que vez por outra se esconde

Mas nunca perde o foco

Naquilo que mais importa:

Receber e dar amor

Mesmo que a alma

Tenha sido

Pelo mundo maltratada

Entendo quando

Sentes medo do novo,

Com suas pernas

Descansando dependuradas

Ao assistir o enforcamento

Do riso rebolando por entre

O canino cerrado

E a dor de ser engolido insosso

Meu coração maltrapilho

Tens o som do carro da pamonha

Em dias ensolarados

Na estrada da vida

Por onde piso;

Tens o cheiro de casa da vó

No interior do interior de mim

E das lembranças

De que estamos vivos

E isso,

Nos dias de estreitas memórias

É uma grande façanha!

Dario Vasconcelos
Enviado por Dario Vasconcelos em 06/01/2021
Código do texto: T7153651
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.