A RENDA QUE TECEMOS DIA A DIA
Teça sua renda, oh, alma horrenda!,
teça e dela faça uma mortalha
para sua aura obscura, escura
como um corvo, que grita,
porém, morrerás solitário,
pobre otário,
a mercê da sua sina
uivando por socorro!
Teça, teça, teça a renda
para sua futura e eterna tenda
Teça, teça, teça, tudo quanto for,
só não teça a ilusão
que viverás um grande amor,
quando muito, de ti usurpara
a mais vil paixão, ademais,
são prenúncios de ilusão!
As coisas terrenas são voláteis,
aos olhos de Deus, eu diria, inúteis...
porém, contudo, entretanto, jamais esqueça,
carregamos para a eternidade,
a renda que tecemos dia a dia,
então teça, teça, teça sua renda,
que ela lhe sirva de mortalha,
proteção, amparo, tenda!