EU SOU A VACINA* (15/03/2021)
Eu me apequeno a cada louvor
Acosto-me a dor das margaridas
Sou o silêncio das covas floridas
(Que recebe por dia um sonho de amor)
Sou a abelha que leva consigo
O segredo mais terno do amigo fiel
E que poliniza aqueles que ficam
Para não criar mofo abaixo do céu
Acordo aqueles que ainda têm tempo
Sopro as narinas dos que não têm vida
vida, tempo; tempo, vida
Sou meio coveiro e meio defunto
Semente (que seca) na terra arenosa
Lágrima chorosa a cada partida
Não há mais "morrentes" aqui, meu Senhor
Nem bem cicatrizou a ferida
Já basta a arrogância, o cinismo; o orgulho ,o desprezo... O negacionismo.
Cadê meu pai, meu irmão, meu avô... Quem os levou?
Alô, alô, meu Senhor!! O que sou??
Sou o alto falante do carro de som, o cego Aderaldo na porta da feira, a mulher parteira, a viola e o cantador, a chuva descendo da biqueira, o ramo que pegou, o "passarim", a vazante, o poema de cordel, a boa nova, a vacina...
Eu sou a vacina : - Acabou, acabou!