AMARGAS LEMBRANÇAS

Em minha infância, como na de outras crianças eu também tinha muitos desejos e vontades.

Quando sentia fome, eu comia doce de abóbora ou de batata no formato de coração e bebia Coca-Cola.

Na escola eu cantava o hino nacional antes de entrar na sala de aula...curioso é que eu nunca fui escolhido para estiar a bandeira Brasileira.

Hoje eu sei o porquê. minha roupa não era adequada para a ocasião; claro que eu vestia o mesmo uniforme que os outros alunos, mas o meu, nunca estava em bom estado...o estado só nos dava um e o outro meu pai tinha que comprar, mas aonde ele estava para que eu pudesse lhe fazer esse comunicado?

Mais tudo passou...consegui estudar... pouco mas estudei...o resto foi com a vida que me eduquei.

Hoje nessa noite enquanto escuto meu cão a se coçar com as pulgas que não lhe deixa dormir...lembrei do meu passado...e também me veio na cabeça as palavras que um amigo mais cedo me falou...ele me disse que já não aguenta mais essa pandemia e que se sente muito triste em casa.

Aí fiquei analisando algumas coisas e pensei comigo mesmo o seguinte...

Triste é não saber o que comer na hora do almoço e nem se haverá algo para por na boca durante todo o dia.

Triste é caminhar pelas ruas por caminhar...por não ter lugar algum para ir.

Triste é não ter uma escova de dentes...é beber água no poço que não é o seu...

Triste é comer escondido o pão deixado pelo padeiro na varanda de alguém.

Na verdade, eu não sei como viver sem ter vida...sem comida; sem cama; sem amor.

Como pode uma criança viver excluída, comendo doces e bebendo uma doce bebida para poder sobreviver.

Igor Rodrigues Santos

Poeta Igor Rodrigues Santos
Enviado por Poeta Igor Rodrigues Santos em 25/06/2021
Código do texto: T7286352
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.