Vivenciando o que não vivi.

Vivenciando o que não vivi.

Uma promessa de um beijo

Na mesa um queijo

Uma taça de vinho...

E uma Olivetti ao seu lado

No canto um porta retrato

A fazer reviver lembranças

Que não voltam mais.

Quantas praias, beijos,

Caricias e segredos...

Foram compartilhados e

Datilografados minuciosamente

Tornando-os inesquecíveis...

Muitas vezes ocultando nomes.

Quantos poemas, contos, crônicas,

Letras de músicas foram descritas

Na velha máquina de escrever...

E hoje estou aqui buscando

Inspiração nesse processo do passado.

Vivemos em um mundo tecnológico

Onde muitas vezes tais equipamentos

Não acompanham nossos pensamentos

Então quis sentir a sensação de vivenciar

Fazer uma poesia utilizando simplesmente

Uma ferramenta dita ultrapassada.

Quantos versos se perderam no

Ébrio pensamento boêmio em virtude

De uma máquina não acompanhar

O raciocínio de seus pensamentos...

Que falta me faz a companhia destes

Boêmios que não conheci e nem convivi.

Vinícius, Caymmi, Gilberto, Tim, Rita,

Pixinguinha, Francis, Chico, Ary,

Chiquinha, Jobim, Elis, Nelson, Noel,

Adoniran, Veloso, Cartola, Lobo,

Ivone, Maria, Lupicínio, João,

Toquinho, Pandeiro e Cavaquinho...

E assim finalizei minha noite

Com uma chuva a banhar a janela

Passei a ouvir sua melodia

Sem o som das teclas na folha,

E nem o líquido da garrafa do vinho

Que consumiu minha inspiração.

Juliaguedes2021@yahoo.com

Jujulia
Enviado por Jujulia em 14/12/2021
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