Quem sou?

Para uns preto

Para outros branco

A quem diga até que sou pardo

Não quero ser pardo

Pardo é papel

E eu quero ser gente

Por que quer me classificar?

Me ensine para que eu mesmo possa me identificar

Na favela, todo mundo parece ter a mesma cor

Cor que beira à indiferença

Por vezes, o Estado com toda truculência

Se sente o capataz autorizado a me castigar

Pobre não tem cor

Pobreza é condição

Que faz homem, mulher e criança

Deixar de ser cidadão

Afinal vê por vezes seus direitos arrancados

Seu nome ser marginalizado

Sua história contada por outros

Que não conhece todas as versões

Que não sabe as reais condições

De precisar se velar de quem fato é

De saber que o sonho de ser um dia bombeiro, bailarina e professor

Hoje se esvai com mais um não

Para esse currículo em minha mão

De quem nunca estudou

Mas já se acostumou

Que sonhar é para poucos

Pois o sonho reflete a esperança

Que um dia a necessidade me arrancou.

Mari Velasco
Enviado por Mari Velasco em 29/07/2022
Código do texto: T7570423
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.