Enamorada

Para, não chora

O amor não escolhe a hora

Vem e vai embora

Sem nos dar explicação

É um sentimento

Autônomo, errante, vadio

Se estala sem pedir licença

Se vai sem nem mesmo avisar

Até que certo dia

No romper da aurora,

Nem se sabe ao certo a hora

Se vai sem qualquer hesitação

Quando se percebe

Algo novo chegou,

Emoção estranha, despercebida

Foi morar no coração

Fazendo duas vítimas

De um só vez

O olvidado impute a culpa

Apenas ao novo enamorado,

Condendado-o por traição

Muitos dedos em uma só direção são apontados

Esquece-se que um coração

Só é preenchido por estar abandonado

Por que não contabiliza

Que os teus erros são pedras

Que construíram caminhos

Que afastaram o meu coração?

Agora me chama de algoz

Parece que de tudo se esqueceu

Cultivei, cuidei, reguei

De afetos diários

Mas era sempre um movimento solitário

O estar ali para ti bastaria

Frustrado, ressentido, reclamante, acomodado.

Vivia me dizendo que estava tudo errado

Quão eu era entediante

Era isso todo santo dia

Desprezo, ofensas, violações

Nao venha me dizer agora

Que o perdão é importante.

O amor é uma flor delicada

Que não vive se não for cuidada

Aquela que por ti foi

Uma vida negligenciada

Você agora me fala de amor

Esquece-se de todo horror

Depois de tudo que fizeste comigo

Isso beira o ridículo

Até com amante eu te dividi

Traição?... Trai-ção?...

Ainda não, mas deveria...

Chega de ser aquela boba de todo dia

Aquela que queria um príncipe encontrar

Vou-me embora na certeza

De que, sim, sou uma princesa,

Que não precisa de homem algum

Para se libertar

Que na vida demorou,

Mas enfim acordou

E passou a se amar.

Mari Velasco
Enviado por Mari Velasco em 16/08/2022
Reeditado em 16/08/2022
Código do texto: T7583313
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