HÉRCULES E AUGE 5/6

HÉRAKLES E AUGE V – 29 MAR 2022

Mas ao saberem serem mãe e filho,

abraçaram-se os dois, com grande pranto

e Têukros, comovido pelo encanto,

aproveitou para guardar o próprio trono

e permitiu que seguissem o anterior trilho,

assim rumando para a cidade de Tegéia,

que alcançaram após breve odisseia,

contudo Auge ali caiu em profundo sono,

do qual nunca despertou, após saber

que a profecia de fato se cumprira

e que seu filho a seus dois tios ferira;

porém Télefos então a Áleos desafiou

e o rei velho abdicou de seu poder,

indo morar numa pequena propriedade,

em vale próximo, sem mais dificuldade,

quando seu neto sobre o trono se assentou.

O túmulo de Auge por muito tempo foi mostrado,

na cidade de Pérgamo, junto ao Rio Caicos

e os moradores da cidade, mesmo os laicos,

até então se chamavam Arcadianos,

porque Télefos para ali teria imigrado

e lhe prestavam constantes sacrifícios,

como um herói, com certos artifícios,

já que descendia dos atos herculanos.

Depois disso, Télefos se casou

com Antíoque, filha do rei de Tróia,

o mesmo Príamo a quem Hérakles apóia

e dá o trono de seu pai que derrotara.

Ainda outra versão alguém contou,

de que Áleos em um cofre colocara

Auge e seu filho, que no mar lançara

e na foz deste Rio Caicos aportara.

E foi por isso que Têukros o adotou,

após tomar a linda Auge por esposa,

salvação novamente milagrosa,

porque Apollo não permitiu sua morte;

de qualquer modo, Télefos reinou

sobre o trono de seu pai adotivo,

de seu futuro oracular sendo cativo,

cumprida fora sua missão e regal sorte.

HÉRAKLES E AUGE VI – 30 MAR 2022

Um dia Teukros, seu trono conservado,

subira ao monte em que Télefos nascera

e um javali manso ali encontrara,

o qual se refugiou no templo de Artemísia,

que por Diana teve seu nome trocado

pelos Romanos. O javali então gritou,

com voz humana: “Rei, a deusa me criou,

“Não me mates, potente rei da Mísia!...”

Mas Teukros não lhe prestou atenção

e a tal prodígio em nada obedeceu,

A deusa Ártemis destarte ele ofendeu,

que de imediato o javali ressuscitou,

o qual cuspiu sobre Teukros na ocasião

e nos lugares em que caiu a saliva

brotaram chagas de ferida viva,

Teukros, tonto, pelo monte então vagueou.

Contude Leucipe, a mãe do rei,

subiu ao monte a fim de protegê-lo,

fez sacrifícios com grande desvelo

e finalmente à deusa apaziguou:

“O vidente Polyeudos eu vos enviarei

e ele curará do rei a mente

e de sua lepra o livrará inteiramente.”

Dessa forma, pelo sábio ela esperou.

Polyeudos em parte rocha desmanchou,

chamada “antípathas”, encontrada ainda ali

e a misturou com a baba do mesmo javali,

que Ártemis enviou-lhe mansamente.

Com a mistura, as feridas ele lavou

e o rei foi totalmente restaurado;

por Leucipe um altar foi elevado,

em que vinha dar graças cada crente.

Mandou igualmente fundir um javali,

todo de ouro, mas com cabeça humana,

que ritualmente em alta voz proclama:

“Não me mates!” – quando se ia refugiar

naquele templo que se achava ali,

como lembrança do prodígio acontecido

e por cada peregrino era nutrido

com os sacrifícios feitos nesse altar.