Na arte de acordar!

Fugir de seus braços, eternidade...

Flertando de pé, cabeças incertas,

Alongando pernas, braços, vontade,

No retorno às eternas cobertas.

Pelo andar de baixo, cheiro o café,

Por entre a penumbra, vejo o retrato,

Na janela, os montes me trazem fé,

Na mão, celular, Wi-Fi, algum fato.

Nem percebo...

Sinto a almofada macia do banco,

Flutuando no tango, breve fumaça,

Que emana o café junto ao seu cigarro,

Qual penso eu amargo, no ar, sua graça,

No lá para cá, seus passos, pigarro.

No copo me tranco, passou o luar,

Ontem de hoje, sombras, formas no forro,

Durmo ou não durmo, grito socorro,

Para mais um dia, a vida encarar!

E tão logo...

Sorvo um quente gole, tentando sua força,

Me ajeito, reviro, viro meus olhos,

Aponto o pensar, no lápis a forca,

Verbos matinais, versos são trambolhos,

De nossos problemas. Café, cigarro...

Acertando as letras, sento e fomento,

Na almofada fria, à cama voltar.

Mas ouço o pigarro, volto o momento,

Dos presentes reais, matas sem vento,

Cigarro e café... arte de acordar!

Mal entendo,

Dou-me conta,

E volto a sonhar...