Resina e Porcelana

A cada toque do garfo rende-se uma obrigação:

Uma vingança para quando a língua

Figura-se entre os punhais da traição

As aves mortas respiram pela gengiva

Intervindo por conflitos

Todo rancor tem seus mortos

Que pedem por sangue

E domesticá-los é infindável

Não se dispa ainda dentro da pele

Cada ida se recusa um labirinto

Convencer coagulações

Em troca de amido

A espera é uma divisória

Entre memória e presente

Preservar os golpes inocentes

Que também serão varridos para o vácuo

Todo estado de cautela é inútil

Toda a distração encenada com zelo

Emulando um balé afrodisíaco

Também será engolindo pelo dilúvio

A tradição é uma dramaturgia

Tratando de polir vasos

Que abrigam bens orgânicos

E belezas sutis do cotidiano

A mesa de jantar é um tribunal

Onde se traçam as bordas de guerras frias

Espectros são moldados para a decadência

E tratados são aceitos com indiferença

Derrete-se os absurdos dos dentes

Cada nome que parece uma reza

Calcificam-se vitórias petulantes

Em detrimento de cerâmicas caras