CORARINHA

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Na cozinha,

lavando "os trem"

e cozendo na simplicidade,

a inspiração vem!

Meus pensamentos

adornados de sororidade,

se alinharam em posição

de marchas.

Pude Sentir

Sodoma e Gomorra,

no cheiro e no

sabor da comida.

No tempero

sem nenhum exagero,

me vesti de

Cora Coralina.

Pude compreender

coisas sem medida

que até tém

a medida certa.

Pude entender meus

momentos de perdição

mexendo os versos na

panela e tomada pelo

indescritível tesão

da inspiração.

Os pecados da gula misturados

ao tempêro dos versos,

saciam a imoralidade

da Poeta que cínicamente dá ênfase às palavras adornando de lascívia

o cenário gastronômico.

Deveras irônico!

Mas peço perdão

à Mestra Coralina,

por ousar misturar a sua singeleza com a minha poética safadeza.

Olhei ao meu redor,

vi panela, frigideira, travessa...

Fechei meus olhos e sem pressa,

me vi nos braços do meu homem, cozendo loucuras de amor!

A mistura do suor dos nossos corpos, exalando aromas.

E no afâ dos desejos contidos,

tem abraços com manjericão,

beijos quentes com

alecrim dourado

e no frenético

vai e vem,

o cheiro cítrico

do limão,

acelera o coração.

Nas lambidas,

o orégano se faz presente,

é bem pequenina

a semente, mas muito,

muito quente.

Na loucura entra

a cúrcuma toda recheada de bravura.

Com um pouco

de usura,

ela despeja sua cor

e seu cheiro forte,

na consolidação

do frenesi

que gera a poção

que os poetas amantes

pediram pra si.

De repente,

tudo derrama

na cozinha!

A poeta

abre os olhos...

Assusta! Grita!

Por fim,

pousa na lida novamente.

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Narinha Lee.

Narinha Lee
Enviado por Narinha Lee em 28/06/2023
Reeditado em 24/03/2024
Código do texto: T7824319
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