Construtores de memórias
Bola de gude
Boneca de sabugo de milho
Fazendinha no quintal
Fogaozinho no barranco
Faz de conta no pomar
Ensaios e enredos teatrais
De uma vida leve e livre de preocupação
Inventando histórias
Trançando trajetórias
No vai e vem das brincadeiras
Travessuras faceiras
Construindo castelos de desejos
E de legos sobrepostos
Brincando de pular corda
Pique esconde e bandeira
Queimada, pipa e peteca
Casinha, carrinho e outras bonecas
Dama, ludo e quebra cabeças
Bola e bicicleta
Escaladora de árvores desastrada
Investigadora em escavação
Detetive no cemitério
Desenhos e rabiscos no chão
num fluir da imaginação.
Pés sentindo a terra por entre os dedos
Cheirinho de café fresco e bolo de fubá
Contação de histórias de vida
E também de assombrar
Que os antigos se punham a contar
E os infantes travessos
pra enfrentar o medo
Banlançando em cipos se punham a aventurar
Construtores de memorias e sonhos
Fazedores de uma bagunça sadia
Época em que a tecnologia era só ilusão
E as conexões eram reais
Que as conversas importavam
E não eram um tanto faz
Nostalgia e saudade não fazem a diferença
Mas trazem um tempo bom
Onde morava a inocência
De papo longo e risadas fartas
Sonha, sonha, pequenino ser
Que o amanhã é cinza
E vão precisar de você pra cor dar e acordar.
Ana Lu Portes 21 de setembro, 2023