Instantes
Despertador
Celular a vibrar
Hora de levantar
Café rápido
Passo apressado
Hora de ir trabalhar
Espera o ônibus
Pega a lotação
Entre aperto
Suor e odor
Conversas alheias
E reclamação
Busca se equilibrar
Entre acelerar e freios
Corpos frenéticos
A correr
Pra na hora chegar
E o tempo acelera
O corpo cansado
Aguarda o ruah
Pra recarregar
Garfadas de comida
Sem sentir gosto e sabor
Os ponteiros atropelam
As tarefas e cobranças
É hora de voltar
Segundo tempo de jogo
Estratégias a elaborar
Pra cumprir a missão
Romper o horário
De pra casa voltar
E de novo se repete
Labor e lamúria
Enlatados feito sardinhas
Moídos na carne
Para o terceiro round enfrentar
Abre as portas
Pro descanso
Mas os afazeres vem lhe cumprimentar
E roupa, casa, filhos
Cuidados diversos a continuar
Da se um sorriso
Uma prece ao divino
Pra poder concluir
As funções
As canções
No finalizar do dia
.
E preciso força
Gás
Garra
Gana
Ser insana
Os olhos fechar
Abrir
Contemplar
E assim seguem os dias
Meses
Anos
Décadas
E séculos
Imersos no barril de maceração
Pisa e e ousado
Pra fazer vinho nobre
Pra outros beber
Esquece o riso
O brinde
O doce
O beijo
O clímax
Dos interstícios
Sublimes
Que a vida
Nos dá
E nos intervalos
Dos instantes de desatenção
Que a vida nos revigora
E aconchega.
Ana Lu Portes, 29 de setembro, 2023