Supetão
Não dou conta da aceleração,
do olhar de espanto,
do que foge da curva,
do choque intenso,
da inspiração,
que escorre em sangue
extraído as pressas,
pra medir as potências
e escassezes.
Não dou conta
do sono,
do cansaço,
das volupias
e da morbidez.
Não dou conta do eco,
do grito,
do gemido,
do beijo,
do abraço,
do amasso,
da altivez.
Não dou conta
de tudo junto,
misturado,
embalado,
e entregue
no supetão,
de uma só vez.
Ana Lu Portes, 04 de outubro 2023