Sequências

Passos largos

Pés pequenos

Mãos que abraçam os oceanos

E outras que com a ponta dos dedos

Tocam as gotas de chuvas

Dimensões e oportunidades

Imensas

E outras ínfimas

Mesas fartas

E outros seres rastejando

E revirando entulhos

Por migalhas

Pra ludibriar o estômago

Palacetes vazios

E papelões aglomerados

Com pessoas emboladas

E apertadas

Embaixo das marquises

Pra fugir do frio

Da chuva

Da vergonha

De não terem onde repousar

Seus corpos maltrapilhos

Poucos com tanto

E tantos com tão pouco...

Tanto afeto desperdiçado

E muitos morrendo

A míngua, da falta de abraço

Tantos ricos, pobres

Tantos pobres, ricos

Nestas frações malfeitas

E desfeitas

Pelo egoísmo

Matemáticas das diferenças

Proporções

E distribuições

Que precisam ser revisadas

Nesta imensidão de sequências

De desigualdades.

Ana Lu Portes, 18 de outubro 2018

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 18/10/2023
Reeditado em 18/10/2023
Código do texto: T7911477
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