Uma dúzia de incertezas

Nada mais longo que um novo início

Eu queria muito ser o atlas

Mas já tenho dores nas costas

Nada mais doloroso que um novo começo

O azar que sempre me faz chorar

Onde mais devo mergulhar?

Na enchente ou em outra mente rasa

O azar que sempre faz meus olhos inchar

Versos perdidos em outra branca folha

Tudo bem, já não sou o mesmo poeta

Quem sabe um dia eu aceite

Nunca fui um bom versista

O que posso dizer a todo esse vazio?

Uma outra dúzia onde a tristeza se destaca

Ah meu amado verso

Que no novo ano sejamos mais gentis com este poeta

Tanto esforço para ser algo

Tanto hiato pra focar em trabalho

Este chefe que muito mal paga salário

Ele não merece os relatórios perfeccionistas

Se me desmorono ou edifício

Junto a aquele sorridente bardo da doca

Se me desmonto e me desfaço

Sou eu, o bardo da doca ao lado

Nas ruas escuras eu me perco

Junto a cada sonho de fim

Porque, porque o das man grita tanto assim?

Pois no espelho eu sempre me desconheço

Devo ser grato a essa trilha

Tenho o dever de manter minha escrita

Pois eles devem ouvir um pouco mais

Essa dívida que tanto tenho com a escrita

Nunca pensei que seria referência

Logo no tempo que beirava decadência

Jamais julgue o ator pelo seu personagem

Eles não envelhecem com a passagem

Meus olhos cansaram das névoas

E minha pele não suporta o castigo do sol

Confesso estar perdido

Nessa tempestade não há farol

Obrigado mar pelo vasto conhecimento

Sou verdadeiramente grato ao meu caminho

Sou independente o bastante

Para passar ao lado da multidão

Na correria de mais um ano

Apesar dos apesares

Eu tive também bons momentos

Sorrindo distante dos de verdade…

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 02/01/2024
Código do texto: T7967267
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