Vagar noturno
no fundo do copo
dramas e beijos
a angústia cabe inteira
num copo de cerveja
e quem não se mede
pela tristeza que engole
inventa um riso pela boca
num teatro enorme.
cada um é cada tudo
engasgado e entrançado
nas asperezas do mundo.
o olho escapa
das bordas do copo
e palmilha risos e seios
numa distância insólita
e o corpo consome a noite
e trama a madrugada
com a aguda extensão do tédio
que se escreve na cara.
em todos o bar agita
palavras de ordem de uma alegria
que permanece inconsumível.