Vagar noturno

no fundo do copo

dramas e beijos

a angústia cabe inteira

num copo de cerveja

e quem não se mede

pela tristeza que engole

inventa um riso pela boca

num teatro enorme.

cada um é cada tudo

engasgado e entrançado

nas asperezas do mundo.

o olho escapa

das bordas do copo

e palmilha risos e seios

numa distância insólita

e o corpo consome a noite

e trama a madrugada

com a aguda extensão do tédio

que se escreve na cara.

em todos o bar agita

palavras de ordem de uma alegria

que permanece inconsumível.

Aurélio Aquino
Enviado por Aurélio Aquino em 21/01/2006
Reeditado em 06/07/2006
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