Defumados

Não importa o ambiente
Não importa a classe social
Não importa se é inteligente
Não importa se é irracional.

Tudo inicia com um rito, gestual
Uma questão de classe, ser chique
Uma afirmação pessoal, ser igual
Quando bate a ansiedade, um tique.

Abre o maço, faz pose
Pega um cigarro, bate no maço
Leva à boca, põe fogo
Vem a tragada, expele fumaça.

Toma conta dos pulmões, o fumo
Substitui o oxigênio, entorpece
O sangue nas veias, envenena
Afeta todos os órgãos, enfraquece.

O fumo é um veneno lento
Impregna a pele, o suor, os dentes
Causa câncer, gangrena, mau hálito
Impotência, aborto, a morte.

O fumante é um ser à parte
Egoísta, presunçoso, anti-social
Envenena a si, os amigos, a família
Cria irracional de um vício.

Vício curtido ao longo da vida
Corpo fumado, assado, defumado
Vontade escrava de um desejo
Morte adiantada, amarga, sofrida.

Não é uma questão de ambiente
Não é uma questão de inteligência
Não é uma questão de classe social
Mas é uma questão racional.




Poemas da série sobre saúde, leiam nesta página:

1-- Amante latino (dengue)
2—Apaixonante coração (hipertensão)
3—Vestido para viver (vida saudável)
4—Sou maçã Tu és pêra (obesidade)
5—Não sede otário (sedentarismo)
6- Não encha a Queca (enxaqueca)
7- (Tristes) Variações em DÓ (depressão)
8- As mãos (higiene)
9- Defumados (fumo)