Cidade de Contrastes

(Quem nunca sentiu... ou pensou... Quem nunca passou por essa fase?)

Motéis de luxo ao lado de favelas.

Sucatas vizinhas às locadoras de carros último tipo.

Lixo ao pé de placas a favor da ecologia e limpeza da cidade.

Vitrines esnobes e pessoas em andrajos.

Restaurantes caros e gente faminta.

Ofertas... extorções.

Fugas... procura.

Compra-se... vendo (pelo amor de Deus, compre!).

Pessoas que esnobam...

Pessoas que quase não sobrevivem.

Luxo... favela.

Riqueza... miséria.

Meus Deus! Onde foram parar os seres humanos!

O que fizemos com nossos semelhantes!

Devo gritar? Chorar? Desesperar?

Quem me dera isso resolvesse o problema de tantas pessoas...

e pior: de tantas crianças.

São homens, e mulheres, e crianças...

que comem o que nenhum animal comeria.

Meus Deus! Minha alma, meu coração, estão em luto.

Luto pelo que se transformam os seres humanos.

Luto pelas pessoas que a tudo assistem...

passivos... inexpressivos.

Luto... por mim que anseio ajudar. Luto...

Luto. Choro. Despespero.

E não vejo solução.

Minto. Vejo.

Se todos nos uníssemos.

Se nos conscientizássemos.

Minto.

Utopia. Nos transformamos demais.

Tornamo-nos egoístas demais para que, algum dia, pudéssemos retroceder.

E ver.

E fazer.

E ajudar.

Utopia.

Não paga sonhar.

Não gasta imaginar...

A não ser minhas lágrimas.

Suas... nossas lágrimas...

ao nos darmos conta de que é só isso que nos permitimos fazer.

Não temos forças.

Temos vergonha.

Vergonha de admitir que desejamos ajudar.

Vergonha de que outros nos vejam de mãos dadas com alguém necessitado.

Temos vergonha de nossos irmãos.

Temos vergonha de nós (?).

Meus Deus!

Onde foram parar os seres humanos?

O que fizeram?

O que fizemos...