Meninos do Rio

Meninos na beira do rio amanhecem cidades,

Verdades, Mentiras, Intrigas.

Tagarelando com os peixes na beira do rio.

O rio lamacento acentua o desejo

Do prato colorido, do All Star da vitrine.

Os pais dos meninos amanhecem...

A margem, sem bolso, com bolsa, fora do sistema.

Acordam na beira do rio e esquecem o café preto,

Para pescar caranguejos, peixes e camarões.

Vejo os meninos a catucarem o lamacento rio

Para acarinhar os peixes inchados.

O sol tatuado no braço abre o apetite para o sonho.

Para onde vão os meninos da beira do rio?

São brancos os sentimentos, são verdes os desejos.

Os meninos abraçam o lixo jogados a margem do rio,

Flagelam a sorte e correm pelos mangues da cidade

Procurando reciclar os pensamentos.

O rio lentamente retrata a vida em meio as pontes.

Os meninos e a cidade trilham e renascem

A cada manhã de uma velha vida.

O barco leva a infância num grande navio,

Acorda a esperança com leve tira no tergal,

A bola é chutada na trave e os meninos tentam o gol,

A música pagodeia o mundo e lá vão eles, grandes meninos.

Outras crianças vão rio abaixo jogando na sorte,

Driblando o lixo, o luxo que aguçam a sede do mundo.